Fala-me de Amor

Falais baixo se falais de amor - by Shakespeare

sexta-feira, março 11, 2005

Amor, amor, amor, amor
Feche os olhos e repita essa palavra
Ouça a sonoridade, sinta os lábios ao pronunciar amor...

...e os amores de París e Helena (por cuja beleza se fez durante 10 anos a guerra de Troya, contada por Homero); o de Marco Antonio e Cleopatra (cuja paixão parou o Império Romano), ou o de Romeo e Julieta, os célebres personagens da tragédia de Shakespeare.

A necessidade de amar é mais forte que qualquer obstáculo.

Embora não sejam necessários números para indicar a importância deste sentimento no modo como o ser humano se relaciona, pesquisas indicam que praticamente metade da população sempre está amando em um certo momento.

João Bosco dizia "O amor quando acontece a gente esquece
Logo que sofreu um dia, esquece sim ..." , e, por estas palavras vou citar um dos autores mais sensíveis:

~ Ressurreição ~

~ Gibran Kahlil Gibran ~

... Tudo isso passou-se ontem, minha amada, quando meus sonhos se escondiam na escuridão e temiam a aproximação do dia.

Tudo isso se passou quando a tristeza dilacerou meu coração e a Esperança esforçou-se por consertá-lo.

Em uma noite, numa hora, num pequeno espaço de tempo, o Espírito desceu do centro do círculo da luz divina e olhou para mim com os olhos do teu coração. Daquele olhar, nasceu o Amor, e ele encontrou refúgio em meu coração.

Esse grande Amor, envolto nas vestes de meus sentimentos, transformou a tristeza em alegria e o desespero em contentamento, a solidão em paraíso.





~ Do livro "A Voz do Mestre" ~

~ Gibran Kahlil Gibran ~

... Então o enamorado colocou a pintura à sua frente, pegou a pena e derramou os sentimentos de seu coração sobre o pergaminho:

Amada, a grande verdade que transcende a Natureza não se comunica de um ser a outro por meio das palavras. A verdade prefere o silêncio para transmitir seu significado para as almas amantes.

Sei que o silêncio da noite é o mensageiro de maior valor entre nossas duas almas, pois a noite carrega as palavras do Amor e repete os salmos de nossos corações. Assim como Deus fez nossas almas prisioneiras de nossos corpos, também o Amor me fez um prisioneiro das palavras e da eloqüência.

Elas dizem, ó Amada, que o Amor é uma chama incandescente no coração das pessoas. Notei em nosso primeiro encontro que eu te conhecia há muitas gerações, e percebi no momento da partida que nada será tão forte que possa manter-nos separados.

Meu primeiro olhar para ti não foi, na verdade, o primeiro. O momento em que nossos corações se encontraram confirmou-me a crença na Eternidade e na imortalidade da Alma.

Naquele instante, a Natureza tirou o véu de sobre aquele que se considerava sufocado, e lhe revelou a sua eterna justiça.

... Amada, diante de mim estende-se uma vida que poderei moldar em grandiosidade e beleza — uma vida que começa com o nosso primeiro encontro e que durará até a Eternidade.

Porque sei que está dentro de ti conceder-me o poder que Deus me destinou, para ser transformado em grandes palavras e grandes feitos, tal como o sol que traz para a vida as flores perfumadas do campo.

E assim, meu amor por ti durará para sempre.






~ O Amor ~

~ Gibran Kahlil Gibran ~


Então, Almitra disse: “Fala-nos do amor.”
E ele ergueu a fronte e olhou para a multidão,
e um silêncio caiu sobre todos, e com uma voz forte, disse:

Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,
Assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,
Trabalha para vossa queda.
E da mesma forma que alcança vossa altura
E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
E as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
No pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio
E nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.
Porque o amor basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga:
“Deus está no meu coração”,
Mas que diga antes:
"Eu estou no coração de Deus”.
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor,
Pois o amor, se vos achar dignos,
Determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo
Senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos,
Sejam estes os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho
Que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado
E agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia
E meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado,
E nos lábios uma canção de bem-aventurança.