“Que seja eterno, enquanto dure.....”
Vinícius de Moraes
O amor é eterno?
Depende de como você compreende a eternidade.
É possível explicar a eternidade e defini-la através de várias ciências:
- A teológica, quando se quer racionalizar a existência de Deus, com mecanismos do pensamento humano.
- A filosófica, se estamos buscando , na espiral do conhecimento acumulado, os sistemas que construíram os alicerces do sentido da vida na Terra. São tantos. Todos os grandes pensadores são perfeitos em suas teorias , que em algum momento serviu muito bem para justificar o porquê da vida em determinado momento, em determinado lugar...
Mas nós queremos usar uma observação simples do princípio da biologia que todo mundo aprende na escola, nas aulas de Ciências Naturais:
“Na natureza nada se perde, tudo se transforma...”
E é por isso que a eternidade do amor sofre transformações em todos os seus segmentos.
Nós nascemos para amar e sermos amados. Há toda uma anatomia corporal para isso.
Durante muito tempo a sede do amor pareceu ser o coração.
Depois, foi a vez do cérebro, agora ele parece residir na compatibilidade hormonal, e a chamada flecha de cupido não desapareceu, mas passou a justificar um sentimento de êxtase que acontece em determinados encontros de homens e mulheres através dos tempos.
É o famoso: - É ela!
Ou: - É ele!
Todos nós sabemos quando somos fisgados pelas emoções da atração sexual.
Às vezes , este momento muda a nossa vida, outras vezes não.
A vida segue seu curso e ficamos com a impressão de que um pedaço de nós se foi.
Que perdemos a oportunidade de sermos felizes para sempre.
Para SEMPRE?
É um outro conceito muito relativo.
A felicidade é um sentimento da categoria do que chamamos eterno, e se este sentimento é eterno, é porque se renova, ou se transforma através dos tempos.
E vamos acumulando na memória as sensações de momentos felizes que nos serve de referência quando passamos por fases que não são tão prazerosas.
Mas a história humana não é feita desse amor eterno por nós inventado. Primeiro na literatura, depois nos hábitos sociais que passaram a exigir a felicidade ”até que a morte nos separe”...
E não é bem isso que se vê por aí, entre os amigos, vizinhos, colegas de trabalho e até na ficção das novelas, filmes e naturalmente, nos livros de literatura.
As histórias de amor estão recheadas de insucessos e sofrimentos e até que tudo termine em um final feliz.
Quando existe este desfecho, há uma seqüência de frustrações que são contornadas para que a paz e a felicidade tenham espaços maiores na vida cotidiana e um casal possa viver o seu romance.
É comum confundirmos a paixão com amor.
E eles não são sentimentos semelhantes.
As paixões são turbilhões que nos desequilibram e talvez seja por isso que a palavra vem do grego e seu radical está ligado a doença.
E o doente é o “ paciente “ palavra que a medicina usa para definir quem perdeu a saúde.
Só que como também a paixão é eterna, ela se transforma. E o melhor que pode nos acontecer depois desta devastação é que o afeto tome o seu espaço.
Vivemos para o amor e construímos toda a vida em função do amor.
Nunca somos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos - Sigmund Freud
Ver seu sorriso, ouvir sua voz, observar seu andar, recordar um momento encantador ou um comentário inteligente - a mais leve percepção do ser amado envia ao cérebro uma onda gigantesca de excitação.”Este turbilhão, este delírio de Eros”, escreveu o poeta Robert Lowell, um dos milhões, se não bilhões, de pessoas que experimentaram a tempestade engolfante da paixão - reduzindo poetas e presidentes,acadêmicos e técnicos, ao mesmo estado confuso de expectativa, esperança , agonia e beatitude.
Depois, à medida que a paixão decresce, uma nova sensação impregna a mente - o afeto.
Talvez este seja o mais esplêndido dos sentimentos - aquela sensação de satisfação, compartilhamento e identidade com o outro ser humano.
Quando andam juntos de mãos dadas, quando riem juntos no cinema ou passeiam em um parque ou na praia, suas almas estão amalgamadas. O mundo todo é seu paraíso".
As estruturas do amor
Isis Valéria Gomes