Fala-me de Amor

Falais baixo se falais de amor - by Shakespeare

segunda-feira, abril 25, 2005

"Assim, pelos olhos, o amor atinge o coração:
Pois os olhos são os espiões do coração.
E vão investigando
O que agradaria a este possuir.
E quando entram em pleno acordo
E, firmes, os três em um só se harmonizam,
Nesse instante nasce o amor perfeito, nasce
Daquilo que os olhos tornaram bem-vindo ao coração."

*poema de Guiraut de Borneilh, citado no livro "O Poder do Mito", de Joseph Campbell e Bill Moyers



Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor.

Wolfgang Amadeus Mozart

Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia.

William Shakespeare



Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio.

Shakespeare




sexta-feira, abril 22, 2005

VEM SENTAR-TE COMIGO LÍDIA...

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimentos demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.

"Odes" de Ricardo Reis

uma história ...

A Santa Ceia foi pintada por Leonardo da Vinci. Conta-se que esse quadro demorou 7 anos até ficar pronto e que pessoas comuns serviram de modelo para cada um dos personagens bíblicos. A primeira figura que Leonardo da Vinci decidiu pintar foi a Judas Iscariotes, o traidor. Leonardo da Vinci buscou entre a população alguém tivesse um rosto que representasse desonestidade, avareza, hipocrisia e com os olhos cheios de ódio. Um rosto que pudesse representar uma pessoa que fosse capaz de trair o seu melhor amigo.
Depois de muito procurar sem êxito, Leonardo ficou sabendo que em Roma haviam prendido um ladrão, que fora sentenciado à morte e, por isso, aguardava o dia de sua execução trancado no calabouço. Leonardo foi rapidamente à Roma para encontrar-se com essa pessoa. Era uma pessoa de pele escura, sujo, cabelos longos e de gestos brutos. Leonardo concluiu que ele represntaria perfeitamente a Judas Iscariotes e, por isso, pediu autorização às autoridades para levar esse homem até Milão, onde estava pintando o quadro da Santa Ceia. Durante meses esse homem pousou para Leonardo da Vinci.

Ao terminar, Leonardo avisou os guardas que já estava pronto e que poderiam levar o prisioneiro de volta. Quando os guardas entraram na sala, aquele homem atirou-se aos pés de Leonardo da Vinci pedindo por piedade, chorando amargamente. Leonardo se surpreendeu com o arrependimento desse homem e intecedeu junto a ele diante das autoridades. Dias depois ele foi solto e Leonardo nunca mais o viu.

Mas ele continuava em busca dos personagens modelos que pudessem representar a cada um dos discípulos de Jesus. Passaram-se seis anos e ele havia encontrado todos, menos alguém que puede representar a Jesus. Essa pessoa deveria refletir inocência e pureza, alguém que não tivesse nenhuma culpa no olhar, que fosse um rosto limpo e bonito.

Depois de procurar por semanas ele encontrou alguém assim, um joven de 33 anos, que representaria a Cristo na Santa Ceia. Durante meses Leonardo trabalhou no personagem principal de sua obra. Ao terminar, quis pagar aquele homem pelo seu trabalho, mas ele recusou, dizendo:

- Tu não me reconheces?

- Não, disse Leonardo, eu nunca vi o senhor antes de nosso trabalho. Aceita o dinheiro.

- Como poderia aceitar o seu dinheiro? Há seis anos o senhor me libertou da prisão e graças ao senhor pude recomeçar a minha vida.

Autoria desconhecida

Uma história ...

Dom Quixote de La Mancha, o idealista cavaleiro célebre por lutar contra moinhos de vento, amar Dulcinéia, cavalgar Rocinante, e ter a seu lado o fiel escudeiro Sancho Pança.

Alonso Quijano, um simples fidalgo espanhol, tido como louco pela família e por amigos, decide virar um cavaleiro errante e adota o nome de Dom Quixote de La Mancha. Ao lado de Sancho, Quixote vaga pela Espanha montado no cavalo Rocinante, procurando fazer o bem e defender os oprimidos.

Não só louco aos olhos da família e dos amigos, Quixote é visto como louco pela maior parte das pessoas. Ele acredita que simples moinhos de vento são gigantes maus. Tabernas comuns são castelos e camponesas são na verdade lindas princesas. Uma delas é confundida também pelo confuso fidalgo por Dúlcineia Del Tolboso, uma bela e imaginaria dama à qual ele havia jurado amor e fidelidade...

terça-feira, abril 19, 2005

Uma canção

Não vou mais gritar que te amo
nem vou mais pensar se te quero
se você pretende que eu seja
o futuro da nação, nem chegue perto
pois eu não sou isso não
não vou lhe agradar, eu não quero
nem lhe sustentar, eu espero
que você me entenda, isso eu quero
vou rasgar toda gravata
vou viver na praia
se quiser, venha, mulher
não vou mais cortar a sua grama
nem vou acatar sua trama
e os homens que se julgam espertos
vão ficar tão engraçados, atrás de suas mesas
eu vou me sentir tão bem
que vou lhe sentir também

Ira - Saída

segunda-feira, abril 18, 2005

“Que seja eterno, enquanto dure.....”
Vinícius de Moraes

O amor é eterno?

Depende de como você compreende a eternidade.

É possível explicar a eternidade e defini-la através de várias ciências:

- A teológica, quando se quer racionalizar a existência de Deus, com mecanismos do pensamento humano.

- A filosófica, se estamos buscando , na espiral do conhecimento acumulado, os sistemas que construíram os alicerces do sentido da vida na Terra. São tantos. Todos os grandes pensadores são perfeitos em suas teorias , que em algum momento serviu muito bem para justificar o porquê da vida em determinado momento, em determinado lugar...

Mas nós queremos usar uma observação simples do princípio da biologia que todo mundo aprende na escola, nas aulas de Ciências Naturais:

“Na natureza nada se perde, tudo se transforma...”

E é por isso que a eternidade do amor sofre transformações em todos os seus segmentos.

Nós nascemos para amar e sermos amados. Há toda uma anatomia corporal para isso.

Durante muito tempo a sede do amor pareceu ser o coração.

Depois, foi a vez do cérebro, agora ele parece residir na compatibilidade hormonal, e a chamada flecha de cupido não desapareceu, mas passou a justificar um sentimento de êxtase que acontece em determinados encontros de homens e mulheres através dos tempos.

É o famoso: - É ela!

Ou: - É ele!

Todos nós sabemos quando somos fisgados pelas emoções da atração sexual.

Às vezes , este momento muda a nossa vida, outras vezes não.

A vida segue seu curso e ficamos com a impressão de que um pedaço de nós se foi.

Que perdemos a oportunidade de sermos felizes para sempre.

Para SEMPRE?

É um outro conceito muito relativo.

A felicidade é um sentimento da categoria do que chamamos eterno, e se este sentimento é eterno, é porque se renova, ou se transforma através dos tempos.

E vamos acumulando na memória as sensações de momentos felizes que nos serve de referência quando passamos por fases que não são tão prazerosas.

Mas a história humana não é feita desse amor eterno por nós inventado. Primeiro na literatura, depois nos hábitos sociais que passaram a exigir a felicidade ”até que a morte nos separe”...

E não é bem isso que se vê por aí, entre os amigos, vizinhos, colegas de trabalho e até na ficção das novelas, filmes e naturalmente, nos livros de literatura.

As histórias de amor estão recheadas de insucessos e sofrimentos e até que tudo termine em um final feliz.

Quando existe este desfecho, há uma seqüência de frustrações que são contornadas para que a paz e a felicidade tenham espaços maiores na vida cotidiana e um casal possa viver o seu romance.

É comum confundirmos a paixão com amor.

E eles não são sentimentos semelhantes.

As paixões são turbilhões que nos desequilibram e talvez seja por isso que a palavra vem do grego e seu radical está ligado a doença.

E o doente é o “ paciente “ palavra que a medicina usa para definir quem perdeu a saúde.

Só que como também a paixão é eterna, ela se transforma. E o melhor que pode nos acontecer depois desta devastação é que o afeto tome o seu espaço.

Vivemos para o amor e construímos toda a vida em função do amor.



Nunca somos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos - Sigmund Freud

Ver seu sorriso, ouvir sua voz, observar seu andar, recordar um momento encantador ou um comentário inteligente - a mais leve percepção do ser amado envia ao cérebro uma onda gigantesca de excitação.”Este turbilhão, este delírio de Eros”, escreveu o poeta Robert Lowell, um dos milhões, se não bilhões, de pessoas que experimentaram a tempestade engolfante da paixão - reduzindo poetas e presidentes,acadêmicos e técnicos, ao mesmo estado confuso de expectativa, esperança , agonia e beatitude.

Depois, à medida que a paixão decresce, uma nova sensação impregna a mente - o afeto.

Talvez este seja o mais esplêndido dos sentimentos - aquela sensação de satisfação, compartilhamento e identidade com o outro ser humano.

Quando andam juntos de mãos dadas, quando riem juntos no cinema ou passeiam em um parque ou na praia, suas almas estão amalgamadas. O mundo todo é seu paraíso".

As estruturas do amor
Isis Valéria Gomes

DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana - Espelho Mágico



domingo, abril 10, 2005



Nós pessoas somos como a natureza, como os mistérios.
Somos desconhecidos em nossa própria essência.
O amor. Nós podemos gerá-lo, mas nunca matá-lo pois uma vez concebido
perpetua.
Podemos não alimentá-lo, podemos deixar que ele se desprenda
Podemos deixá-lo flutuando como um balão no espaço e
Podemos retomá-lo se for a hora, independente de época,
era, tempo e espaço
Podemos sustentar, apreciar, apascentar, deixar transbordar, eternizar
Podemos o que queremos enfim, mas quem somos nós no momento
Em que fazemos as escolhas?

By Ana Maíz

sexta-feira, abril 08, 2005

AS SEM RAZÕES DO AMOR

Eu te amo porque te amo.

Não precisas ser amante,

e nem sempre sabes sê-lo.

Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

e com amor não se paga.

Amor é dado de graça

é semeado ao vento,

na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários

e a regulamentos vários.

Eu te amo porque te amo

bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,

não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,

feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,

e da morte vencedor,

por mais que o matem ( e matam )

a cada instante de amor.


Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, abril 01, 2005

Um amor pode ser de vários tamanhos,
pode ter várias formas,
vários pesos, várias medidas.
Pode ser profundo ou superficial,
maduro ou infantil, longo ou curto,
pode passar como um tufão
ou como uma brisa de verão
Um amor troca confidências, troca juras,
troca feitiço, troca dúvidas e experiências.
Um amor pode ser forte ou fraco,
distraído ou atento,
pode vencer tormentas, dissabores
e oferecer alento.
Um amor pode sobreviver a distâncias
e atravessá-las num segundo através do pensamento.
Um amor é como um vício, uma droga,
desencadeado por uma paixão ardente.
Um amor produz sorrisos, momentos perfeitos,
produz sonhos e insônias,
produz palpitações, angústias,
agonias e ilusões.
Um amor verdadeiro se perde no tempo,
caminha pelo passado,
atua no presente, se encaminha para o futuro
e adormece na eternidade.
Um grande e verdadeiro amor ilustra noites
enluaradas e dias ensolarados.
Um amor tem lembranças de lugares,
de cheiros, de músicas e de sons.
Um amor tem sabores, às vezes doces,
outras vezes amargos,
mas todos sempre bem saboreados.
Um amor pode iluminar a vida ou escurecer o coração.
Um amor pode ser real,
virtual ou transcendental,
porém sempre será igual.
Um amor pode ser impossível, improvável,
mas pleno no coração.
Pode ter testemunhas ou ser oculto
e mesmo assim ser vivido intensamente.
Pode ser clandestino e anônimo,
pode ter o nome de uma flor
e ainda assim ser um grande amor.
Um amor pode ser castigado pelas agruras da vida
e persistir inalterado e majestoso.
Um amor de verdade pode jamais se consumar
e ser forte como uma rocha,
profundo como o fundo do mar.
Um amor pode ser arriscado,
difícil, perigoso, inadequado,
mas mesmo assim almejado e correspondido.
Um amor pode sobreviver a intrigas,
invejas, calúnias e sair vencedor.
Um amor de verdade não vê idade, cor, religião,
raça ou aparência,
não tem preconceitos, nem preceitos,
não faz distinções.
Um amor não fere e se ferir, assopra.
Um amor tem marés, altas e baixas, fracas e fortes.
Um amor pode ter muitas histórias,
fabricar poemas, inspirar versos e canções.
Um amor não tem perguntas,
porque jamais necessita de respostas.
Um amor precisa para adormecer
a companhia de um outro amor
e para despertar um toque desse mesmo amor.
Um amor pode ser contido, travado,
reprimido, ou declarado.
Um verdadeiro amor pode subir montanhas,
cair em precipícios, atravessar desertos,
envolver-se em tempestades,
afundar em oceanos
e ainda assim sobreviver.
Um amor pode dar frutos e lançá-los ao mundo
cobertos de amor também.
Um amor tem cores, o branco da paz, o azul do afeto,
o rosa do carinho e o vermelho da paixão.
Um amor comete loucuras, por vezes se arrepende
e volta a cometê-las novamente.
Um amor de verdade dá espaço, cede momentos,
expõe idéias, lança argumentos,
sem jamais violar sentimentos.
Um amor pode escravizar-se e sentir-se livre.
Um amor profundo acontece,
resplandece, revigora-se e amadurece.
Um amor pode ser sábio, desinteressado,
confiante e altruísta.
Um amor de verdade pode se perder
na poeira do tempo,
pode se desfazer através dos anos,
mas sempre terá sido um amor imenso.
Um amor pode ser eterno ou fugaz,
pode ser o primeiro ou o último,
novo ou velho...mas ardente.
Um amor só não suporta ser vivido,
sonhado e mantido sozinho.
Um amor precisa de outro amor para sobreviver,
se assim não for,não terá sido um amor,
terá sido apenas uma grande dor.


Silvana Duboc